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Um por todos

Um canto de leitura para quem é ainda apreciador desta arte

Um canto de leitura para quem é ainda apreciador desta arte

Um por todos

14
Nov24

Teatro da Vida

Gonçalo Carvalho

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Uma vez Charlie Chaplin disse: "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente; antes que a cortina se feche e a peça acabe sem aplausos." Esta é uma das minhas frases favoritas em toda a história. Isto é complicado de se afirmar quando tenho em conta que a minha vida anda a volta de ler e escrever.

O que me leva portanto a ficar encantado com esta frase é a quantidade de camadas que ela tem de uma forma simplista. Primeiro a vida é como uma peça de teatro porque estamos constantemente a ter de cumprir papéis ao longo da nossa vida, uns escolhidos por nós e outros que nos são entregues sem direito a qualquer opinião sobre o assunto. Sou um pai, sou um escritor, sou vocalista e tantos outros papéis que eu desempenho naquela que é a minha história, mas como qualquer um, sou apenas um homem comum como já referi anteriormente neste blogue.

Cada um de nós faz o melhor para desempenhar de forma assertiva e eficiente os tais papéis que tem de desempenhar na sua história. Tal como todos os outros a minha volta, ou pelo menos é a perspectiva que tenho sobre a vida até este momento, ando sempre a inventar formas de viver os meus papéis, porque tal como no teatro, muitas vezes o papel está escrito mas a genialidade da peça vem da capacidade de interpretação e improviso de quem o interpreta.

A nossa história é escrita por nós como todos dizem, mas também é escrita pelo contexto social em que estamos inseridos, principalmente as personagens que passam a fazer parte dessa jornada, quer seja de forma leviana ou mais destacada. Todos sabemos disto mas muitas vezes não nos lembramos que essas outras personagens na nossa vida são a personagem principal na suas próprias peças, e isto sendo um efeito transversal a experiência humana, então todos vivemos a nossa vida como personagens principais.

Ao contrário de uma peça de teatro, um filme, série ou qualquer narrativa de valor, não existe personagens principais nesta realidade em que nos inserimos. Apenas papéis vividos por cada um e para cada um de nós ou pelo menos é a minha modesta opinião sobre o assunto.

Hoje em dia estou inserido num contexto de extrema valorização do próprio enredo agregado a uma necessidade doentia de validação da sua historia e do seu caminho perante um outro, quer sejam seus pares ou até desconhecidos que habitam na internet.

Existe uma necessidade, que roça o absurdismo, de cada um sentir que a sua vida tem significado porque fez x ou é y. Na verdade a vida de cada um é importante  porque a pessoa a viveu, porque tem a sua própria história, porque conheceu e interagiu e interligou o seu enredo com o de outros, quer seja de forma mais ou menos relevante num contexto social.

Tal como disse anteriormente o génio do teatro vem da interpretação de cada um, porque normalmente as peças clássicas são as mesmas durante séculos, tal como acontece, por exemplo, com a musica de orquestra (ou clássica se assim quiserem embora acho isso redundante).

Muitas vezes, ao longo da nossa vida, estamos constantemente a queixar do enredo que nos foi entregue ou da nossa história "porque viemos dali ou aconteceu aquilo" quando no final do dia o segredo é o que vamos ser capazes de fazer ou não com o papel que nos foi entregue.

Com tudo isto o que quero dizer é, deixem de estar tão preocupados com o que acham sobre a vossa história e procurem apenas viver ela da forma mais natural, sincera e preenchida para vocês mesmos, porque no final do dia se tiverem sempre só a agradar o publico nunca vão aproveitar o vosso momento em palco e um dia, quando menos esperamos a peça acaba e a cortina cai de vez.

Quando a cortina fechar para mim quero ter a certeza que por mais perdido que me sentisse na minha performance pelo menos aproveitei, vi a reacção do publico mas acima de tudo cumpri o meu papel de forma honesta e sincera para comigo. Em relação a aceitação do publico isso fica para os outros, até porque muitas histórias só recebem louros depois da história já ter cessado faz tempo.

Aliás se formos bem a ver, a maior parte das histórias só fazem realmente sentido depois de terem acabado, porque ninguém quer saber de um livro a meio ou um filme sem final, por isso nunca vamos saber se aplaudiram ou apuparam a nossa performance. Sendo assim, o que temos a perder?

Um por Todos, Hoje e para Sempre

 

 

 

17
Out24

Paranóia

Gonçalo Carvalho

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Sinto ela, todos os dias ela cresce dentro de mim como uma doença terminal que piora.

Quando penso que as coisas estão a ficar melhores, basta abrir a janela, olhar com atenção ao mundo que me rodeia e o desapontamento volta a tomar conta de mim.

Divulgações de natureza politica levam-me a acreditar que não tenho futuro tanto a médio quanto a longo prazo.

Uma camada social que tem menos vergonha com o passar dos anos, o que de certa perspectiva bastante doentia faz sentido porque cada vez existem mais escândalos e menos consequências sobre os actos nefastos que têm na nossa sociedade.

Uma classe que também sofre cada vez mais de défice de eficiência, (temos buracos financeiros infinitos que ninguém percebe bem de onde vieram, temos contínuos serviços que não funcionam e um estilo de vida medíocre para a maioria da população).

No mundo da ciência e da tecnologia ao que parece vamos de vento em poupa na mais louca descoberta do próximo gadget que vai revolucionar o mercado, mas claro, sem antes obrigar ao endividamento do comprador.

Estamos amaldiçoados por uma expectativa de vida cada vez maior mas com cada vez menos condições de vida. Estamos cada vez mais dispostos a sacrificar a sobrevivência da nossa espécie a longo prazo em troca de satisfazer as necessidades de quem faz o investimento monetário.

Preciso de uma pausa. 

Os media, que desde sempre me meteram nojo com a sua “versão absoluta da realidade conforme o financiador da fonte”, estão aos poucos a ficarem obsoletos e devem ter a noção disso visto que hoje estão cada vez mais fracos e sem qualidade do ponto de vista técnico. 

Não quero mais receber a minha informação adulterada por um jornalista que escreve uma notícia á espera de subir na carreira. A outra opção é abrir este pequeno ecrã que tenho no meu bolso e deixar as massas diluírem o peso dos eventos através de uma qualquer rede social, de modo a que quando a informação chega a mim já tem mais pontos que contos.

Dizem que a informação tem de ser imparcial. Na verdade, todas as pessoas têm tendência a adulterar tudo o que vêm, sem terem qualquer intenção disso. Agora pensem o que é receber as nossas novidades neste mundo de corrida desenfreada para ver quem tem o primeiro click.

Qualquer notícia é filtrada por milhares de jornalistas e cada um deles vai ter a sua própria opinião sobre o assunto, depois de ela ter sido, por sua vez, escrutinada por uma quantidade de online experts que dariam razão ao Sócrates sobre nada sabermos.

Já nem estou a contar com os eventos que são directamente arquivados pelas instituições estatais, aliás vivemos numa democracia e isto não é permitido de ser abordado.

Tal como muitos tiveram sonhos para o mundo antes de mim, eu também tenho um sonho, que infelizmente, não viverei o suficiente para sequer ver isso a ser concretizado. Isto claro com a esperança de um sonhador que acredita que um dia ainda poderá ser sequer concretizado.

Uma parte desse sonho passa por receber e divulgar informação que não seja adulterada por lobbys, pessoas com poder e outros tantos interessados em filtrar e diluir as coisas para que pareça algo completamente distinto do assunto original.

Gosto de sonhar que um dia a minha filha possa viver num mundo em que tenha a possibilidade de lidar com a realidade de uma forma mais saudável do que eu, que por mais que lhe doa os problemas da vida, ao menos terá a possibilidade de os olhar de forma transparente, ou pelo menos assim o desejo.

Ninguém é perfeito, eu sei bem disso visto ser um aglomerado de coisas estranhas mas prefiro lidar com uma realidade cheia de defeitos do que uma bonita ilusão que a seguir vai abusar de mim.

Não quero mais ter de viver em paranóia

Um por Todos, Hoje e Para Sempre

 

01
Out24

Homem Comum

Gonçalo Carvalho

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Sou pai, sou homem, sou revolucionário, sou preguiçoso.
 

Sou um músico sem habilidades extraordinárias, mas com a alma cheia de sentimentos.

Sou um escritor das cicatrizes que me vão na alma e dos encantos que residem no meu coração.

Sou amor e sou a dor. A benevolência e a vingança.

 Sou apenas mais um, fiel a mim mesmo, tornando-me único. Demasiado estranho para puder viver aqui, demasiado raro para me deixar cair. Pelo menos é assim que me sinto… sou estas pessoas, fruto de uma mistura explosiva entre tudo o que aprendi ao longo da vida e tudo aquilo que quiseram que aprendesse.

 Sou apenas um homem comum que não esqueceu os valores de outrora, mas que não fecha os olhos aos erros do passado, os erros e as bênçãos que aprendi com todos os que me deram a mão, mesmo quando eu não queria ou precisava.

Falo abertamente, reflicto, crítico e argumento. Todos os dias, porque no dia que deixar de aprender ou revoltar, procurem a minha laje, e se a justiça do destino me permitir, nela dirá “Finalmente em Paz”.

Para quem esteja a ler, gostava que compreendessem que a vivd não tem o mesmo sabor para todos. Cada pessoa vai apreciar á sua maneira, encontrando pontos em comum com outros que vivem iguais ou de maneira diferente.

A vida e conexões, são lutas diárias. Isso é viver.

Não existe justiça na verdadeira ascensão da palavra.

As tais injustiças que tanto brandamos aos céus, são semeadas pelas vontades de todos nós, até mesmo quando propagadas pelo poder que tanto receio. Os homens por detrás da máquina social.

Não se iludam! São eles que mandam nos destinos da massa social, sempre mandaram, mas somos nós que temos a habilidade de fazer algo de diferente todos os dias. Todos os dias pudemos fazer a diferença verdadeira.

Numa espécie de apelo (alguns dirão inocente outros dirão idealista ou mesmo irrealista), peço que reflictam.

Não precisam de mudar a vossa vida.

Apenas abram o pensamento sobre as nossas atitudes, em geral, no mundo que estamos a deixar para trás. Se a vossa consciência estiver tranquila, ainda bem. Não irei ser hipócrita e pedir que sejam mais do que vocês mesmos. Isso fica a cargo dos ‘slogans’ de grandes companhias que acreditam que temos sempre de ser melhores, e que para isso, temos de usar os seus produtos.

Não tenho a coragem nem o desplante de pedir isso a alguém.

 O que peço no fundo, é que se sentirem nauseados como eu, se sentirem que somos constantemente bombardeados com informação que no final do dia nem sequer é útil, se sentirem medo do que vai ser um futuro que já nem sequer irei estar aqui para ver, então mudem como estou a tentar fazer.

Não se conformem! Esta é a verdadeira mudança!

Quando alteramos o nosso interior ninguém pode fazer nada contra isso!

Somos os donos do nosso destino e qualquer um de nós tem o poder de fazer a diferença.

Cada um deve pensar no que quer fazer com a sua jornada, com o legado que deixam para trás desta vida.

Por mais insignificante que sejamos, temos sempre o poder de ajudar quem quer ajuda, de ensinar quem quer aprender. Quando acharem que não têm nada de novo para acrescentar a esta vida, na verdade, é porque está na hora de aprenderem algo de novo com alguém.

Se calhar estão cansados como eu, mas esta é a verdadeira luta! Temos de lutar cada vez mais para existir amor em vez de ódio, unidade em vez de separação, entreajuda em vez do velho “salve-se quem puder”.

De todos os papéis que represento na minha vida, o de pai é aquele que mais me pesa e liberta ao mesmo tempo.   Liberta-me porque ao ver os exemplos das atitudes da minha filha deparo-me com duas coisas. Vejo o bom que lhe ensinei e que ficou retido até hoje e, vejo também tudo o que falhei.

Ela ignora isto porque ainda sou o super-homem aos olhos dela.

Ensino ela a fazer o melhor que pode, porque todos nós temos dias que por vezes temos atitudes deploráveis, mas que com isso não quer dizer que isso seja a nossa personalidade e carácter.

 Bom e Mau não existe na natureza. Nós, humanos e como civilização é que criamos esses conceitos para catalogar mais uma vez o mundo. 

Isso é uma condicionante, e ela com a sua tenra idade, já percebeu isso pelas conversas que temos. Já agora, essas conversas, quer sejam com uma criança ou com um adulto, têm de ser tidas quando a outra parte as quer ter também. Não devemos influenciar as atitudes de ninguém, apenas dar os conselhos da nossa perspetiva quando assim é pedido.

Mas este papel também pesa. Isso acontece porque sei, no fundo, que ao estar a ensinar o tal bem também a deixo vulnerável ao tal mal. Eu sei que não a poderei esconder do lado negro da sociedade quando até eu faço parte dele muito mais vezes do que estava a espera, mas o meu papel como pai não passa por lhe ensinar isso, mas sim deixar ela preparada para enfrentar isso na sua vida futura. 

 Não posso condicionar a existência dela, porque tenho medo que se magoe ou pior. Isso faz parte da vida. 

Perceber o que não nos interessa, por experiência própria, é a melhor maneira de crescer. Esta é a bênção de errar, cair e levantar de novo melhores do que estávamos antes. 

Tenho fé que ela irá compreender esta lição em menos tempo do que eu, para que, assim, não perca tanto tempo quanto eu. 

 Mas também se não tivesse sido desta maneira, estes altos e baixos na minha vida, não era o homem sou. O “aprender todos os dias” é só uma maneira bonita de dizer que vamos levar pancada da vida até cair, e depois levantamos e somos melhores do que éramos porque já sabemos cair de outras formas. 

Sou o princípio e o fim do universo que reside em mim.

Sou um romântico incurável e apenas um homem comum.

 

Um Por Todos, Hoje e Para Sempre

22
Set24

Ambição

Gonçalo Carvalho

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Ser humano é ser eternamente insatisfeito e a ambição de algo diferente é apenas mais um sintoma dessa mesma dualidade na nossa existência.

Algo que faz de nós humanos é a nossa ambição e vontade de chegar a algum objectivo. Seja ele relevante para nós a nível intelectual/ emocional, ou simplesmente algo que intelectualizamos e afinal perdemos o interesse. Faz parte da nossa realização pessoal sendo algo a ter em conta a medida que navegamos nesta corrente da vida.

Os animais não mostram provas de ambição, eles procuram logo desde sempre perceber o seu lugar na cadeia alimentar ou até dentro da sua própria espécie, e acarretam com a posição que foi definida até ao final da sua existência. O humano recusa-se a aceitar o que seja como definitivo ( até mesmo a morte nós tentamos ao máximo lutar contra ela), por isso não me surpreende que cada um de nós queira mais (alguns até menos) do que aquilo que a vida nos ofertou.

Algures durante a minha infância lembro-me de ter ambições sonhadoras como ser um treinador de futebol bem sucedido (quem sabe se não irei lá chegar ainda), fazer parte do mundo do espectáculo (embora hoje em dia prefira muito mais o sossego de viver na sombra do mesmo, amo arte mas odeio os supostamente entendidos da mesma- tenho outro artigo algures no meu blogue sobre isso),tinha a ambição principalmente de ser feliz ( tenho depressão crónica desde pequeno e isso fez com que o conceito de felicidade seja abstracto para mim).

Se olhar então para trás poderia dizer que as minhas ambições foram falhadas e que hoje em dia sou um adulto extremamente aborrecido comparado com o que eu pensava que iria ser em criança. Com isto quer dizer que falhei como adulto e principalmente comigo?

Nem por isso...Apenas cresci e os meus objectivos mais superficiais passaram a ser opções de possíveis futuros.

Crescer e maturar quem somos passa muito por perceber o que eram sonhos que criamos ao longo da vida e o que são objectivos concretizáveis. Isto e realmente importante definir embora muita gente veja isto de forma leviana.

Num mundo em que estamos constantemente a ser bombardeados com informação e em que estamos constantemente a ver outras pessoas a fazer coisas que gostávamos de estar a fazer também, é normal que isso leve a pensar que somos falhados ou que estamos no caminho errado da vida. O mais bonito disto é que a pessoa ao qual olhamos como exemplo está a sentir o mesmo sobre outro espectro da sua vida também.

Somos seres eternamente insatisfeitos e isso faz parte.  "A galinha da vizinha é sempre melhor do que a minha."

Quem tem a capacidade de ainda lidar com o "eu criança" de forma natural e sem julgamento, tem a sorte de conseguir decifrar o que é para si verdadeiramente importante, normalmente algo que faltou ou que sentimos falta dessa época vai-nos marcar para sempre.

Como pai que sou deixo aqui uma dica a todos os outros: não carreguem os vossos filhos com as vossas próprias ambições! Aceito que cada um faça como entender mas não existe nada mais tóxico para uma criança do que um ambiente nocivo a volta dela ou pais que não entendem que ser pai não é treinar os filhos para serem aquilo em que vocês não foram capazes ao longo da vossa vida.

A minha única ambição na actualidade é ser feliz, devido a minha condição eu nem sei se entendo o que eu próprio quero, mas se deixar de sentir um vazio constante sobre o passado, uma raiva e revolta sobre o presente e ansiedade sobre o futuro então eu acho que já estaria bem comigo. Mas esse também não sou eu e se for por esse caminho tudo o que irei fazer é distorcer quem eu sou a um ponto que nem eu mesmo passo a reconhecer a pessoa que está a olhar para mim, naquele espelho que encaro todas as manhãs.

Logo, esta ambição de ser feliz, tem de passar para a lista das ambições irrealistas porque é um buraco sem fundo.

Acabo este breve artigo com um apelo:

Peço a todos vós que procurem dentro do vosso "eu criança" aquilo que verdadeiramente procuram na vida. Tentem entender de se era uma ambição desmedida que vos irá levar a um ciclo de auto sofrimento ou  se estavam correctos e apenas perderam a noção do caminho que vos irá trazer sentido nesta vida. Não tenham medo de pegar em sonhos antigos e tentarem fazer deles uma realidade para perceberem que afinal nunca foi o que pensavam.

Isto que falei anteriormente não é tempo perdido; chama-se auto-conhecimento e é extremamente importante na nossa caminhada, não interessa a idade ou o nosso estatuto social. Não se percam de vocês mesmos só porque alguém com relevância na vossa vida lhes fez acreditar que não valia a pena ou que não estaria correto para vocês.

São vocês os donos da vossa vida, das vossas ambições, dos vossos falhanços e das vossas glórias.

Não se esqueçam que podem sempre encontrar um amigo por aqui nesta luta da vida, afinal:

Um Por Todos, Hoje e Para Sempre

 

 

 

 

 

25
Abr24

A Chama da Revolução

Gonçalo Carvalho

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Liberdade.

Nem sempre tivemos direito e acesso a ela. Tiveram que lutar para que hoje pudéssemos usufruir dela e de tudo o que isso tem de bom.

Faz hoje 50 anos que o regime caiu no nosso país e nós damos a liberdade como algo de garantido.

Eu na altura ainda não tinha sido convocado a dar o meu contributo a esta existência mundana ao qual chamamos de vida, mas quem viveu essa época, relata o horror e as atrocidades que foram cometidas em nome de uma pessoa que se escondia por detrás de um regime. Essa pessoa fez o povo acreditar por momentos que era a solução para os problemas de então, que era ele a alternativa política da época dele. Realmente foi, só não disse  a ninguém, antes de ir para o poder, que essa alternativa política ia durar 41 anos seguidos e que seria exclusivamente governada por ele, e mais tarde, os seus associados.

Essa alternativa aos problemas do passado resultou na perda de todos os nossos direitos em nome da "segurança, conforto e estabilidade".

O preço a pagar para a estabilidade económica do estado foi uma dependência total dos negócios associados ao regime e a todos os privados que compactuavam com a palhaçada em vigor, todo o resto, com especial destaque para a concorrência era então dispensável. Ganhamos o conforto de não ter de participar na guerra de então (segunda guerra mundial) em troca de ficarmos por casa e cada vez mais analfabetos. Não podemos esquecer que uma população mais burra é uma população mais fácil de controlar, dá para ver isso hoje em dia. Não perdemos vidas ou território com esta escolha é verdade, mas perdemos cultura e atrasámos o desenvolvimento do nosso país em ralação aos nossos pares. Sacrificamos o poder da palavra, da liberdade de expressão e movimentos em troca da segurança nas ruas. Isso ninguém pode apontar o dedo, realmente foi a época em que as força de segurança nacionais eram realmente eficientes. Aliás de tal maneira eficientes que até criavam casos para resolverem, só para não ter os activos estagnados. A PIDE era perita nesses casos.

Tudo isto parece que foi a uma vida atrás, mas passaram apenas 50 anos desde que tudo isto supostamente terminou e muitos dos meus compatriotas já estão a querer voltar para lá. Falam de alternativas políticas de hoje em dia e tudo o que eu vejo é uma repetição da história.

Nunca vou compreender esta eterna masturbação mental do ser humano em repetir aquilo que já foi feito anteriormente.

As alternativas políticas apresentadas hoje em dia não passam de cópias baratas do que já foi feito anteriormente. Não passa de uma imitação barata e sem estilo do que em tempos foi o terror, a fome e a ignorância de uma nação. Estávamos tão débeis como povo que mesmo após toda a tortura e humilhação tiveram de ser os militares a intervir contra o regime. O povo riu, acenou e ofereceu cravos. Esta é verdade difícil de aceitar. A violência e a vontade de fazer sempre foram da boca para fora neste nosso jardim à beira mar plantado.

Quero deixar bem claro, como já o fiz anteriormente neste mesmo blogue, eu não sou de direita nem de esquerda, acredito que ambos os lados da questão estão corrompidos por "lobby". Na verdade, o poder maior da sociedade moderna é as empresas que detêm os nossos recursos. São elas que ditam quanto e quando é que devemos pagar para sobreviver, e qualquer político por mais boas intenções que tenha não vai mudar nada sem a autorização desses mesmos poderes. Como se costuma dizer, de boas intenções está o inferno cheio.

Eu sou a favor de uma mudança radical ao nível estrutural, social e económico do mundo moderno. Basicamente apagamos tudo e começamos de novo. Eu sei que isso ia gerar o caos e a miséria, mas nós já estamos a viver mal de qualquer das maneiras e o caos é apenas um caminho para a ordem. O fim do mundo não irá ser feito com guerra e radiação como tínhamos medo. O fim do mundo virá da inércia do ser humano e de ideias obsoletas que só servem o propósito de alguns.

A prova está a vista, trabalhamos e cumprimos com as regras do jogo social para depois andarmos a mendigar um sítio para dormir. Pagamos impostos para morrer a fome ou em salas de espera sem condições. Estamos constantemente a procurar o escapismo a partir dos nossos vícios para não termos de lidar com esta realidade cada vez mais distorcida.

50 anos passaram e estamos a beira de voltar ao mesmo, eu com 33 vejo o que o meu pai e a minha avó (descansa em paz) na altura disseram-me com dor nos olhos.

A grade diferença é que hoje em dia não temos um líder exposto para apontarmos o dedo, mas um grupo de incompetentes que esconde-se por detrás do politicamente correcto. Hoje temos uma força de segurança enfraquecidas pela falta de vontade de cumprir a sua função e salários que não são dignos, mas somos vigiados com ainda mais intensidade pelos privados que compram e vendem as nossas informações como se fossemos gado. Hoje temos a cultura e a informação na palma das nossas mãos mas escolhemos não olhar porque a paranóia do que é efectivamente verdade ou desinformação já está demasiado cravada na nossa psique.

A grande falácia desta data é que as pessoas acham que estamos a celebrar o fim do regime, a vitória contra os nossos opressores. 25 de Abril de 1974 foi na verdade, o dia em que foi dado o grito da revolução. O inicio da nossa guerra contra todo e qualquer forma de manipulação social, o problema foi que nem toda a gente percebeu a mensagem, porque passado 50 anos os problemas são sensivelmente os mesmos.

Continuamos a procura de "alternativas", em busca de uma ordem social que traga "segurança, conforto e estabilidade" enquanto os corruptos e os donos das instituições vitais a nossas sobrevivências sugam o físico e a alma.

A revolução não acabou, pelo menos para mim, agora cada um de vós que faça o que achar melhor para o futuro de todos nós.

Eu estou pronto para reacender a chama da revolução, e vocês?

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